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Glotofobia: da discriminação linguística ao racismo pelo sotaque

“Na nossa sociedade a linguagem é um instrumento de dominação e de discriminação poderoso e desconhecido. Impor a sua língua como a única aceitável, estimável, razoável e menosprezar, desqualificar, rejeitar uma pessoa pela sua maneira de falar, o seu sotaque ou o seu vocabulário é tão ilegítimo como rejeitá-la pela sua religião, a cor da sua pele ou a sua orientação sexual – as várias discriminações mais ou menos reconhecidas e punidas pela lei em França”2. As discriminações fundamentadas na língua são no entanto ainda largamente ignoradas, embora afetem milhares de pessoas. Estão evidentemente relacionadas com a xenofobia, o racismo ou o menosprezo social, mas a proposta do sociolinguista francês Philippe Blanchet permite enfim denominá-las e assim, neste ato fundamental, também denunciá-las e combatê-las. Trata-se daglotofobia, uma forma de discriminação linguística aplicada às pessoas cujo vocabulário ou pronúncia não corresponde à norma dominante da língua. Como um bilhete de identidade, a língua que falamos e o modo como a falamos revela algo sobre nós. Diz a nossa situação cultural, social, étnica, profissional, a idade, a origem geográfica… Diz a nossa diferença. Ao falar desvendamo-nos, e o ato de elocução que deveria ser afirmação de si próprio pode transformar-se numa forma de denúncia, de não pertença  ao grupo dominante. >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>